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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MP cria grupo para cuidar de bichos apreendidos e investigar tráfico de animais

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Gustavo Werneck -
Publicação: 10/10/2011 07:29 Atualização: 10/10/2011 07:33


Grupo Especial de Defesa da Fauna pretende implantar mais centros de triagem em Minas. Com São Paulo, estado lidera em número de apreensões de animais, principalmente aves.

Somente em 2010, mais de 60 mil espécies de bichos foram apreendidas no país, cerca de 20 mil em MG

Aves, jaguatiricas, pacas, tamanduás e outros bichos silvestres e domésticos vão ganhar mais proteção em Minas. O Ministério Público estadual (MP) criou o Grupo Especial de Defesa da Fauna para trabalhar a favor da implantação de novos centros regionais de triagem, reabilitação e soltura na natureza, além de investigações sobre tráfico e crueldade animal. “Teremos uma política para esse setor, a exemplo da existente para o patrimônio cultural, que vem recuperando, desde 2003, peças sacras e outras obras de arte desaparecidas de igrejas e museus, conduzindo operações de resgate e outras ações”, afirma o coordenador da equipe, Luciano Luz Badini Martins, que está a frente do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural, Urbanismo e Habitação.

Minas e São Paulo são os estados com maior número de apreensões de animais silvestres, situação favorecida pela extensa malha rodoviária e fiscalização. Conforme dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), houve, no país, em 2010, 60 mil apreensões, sendo dois terços nos dois estados do Sudeste. No território mineiro, polícias e fiscais recuperaram cerca de 20 mil bichos, dos quais 13 mil em Belo Horizonte. “Vamos criar uma rotina para atuar nesse campo, atendendo uma demanda da sociedade e das organizações não governamentais. O nosso grupo terá sete promotores de Justiça e a primeira reunião será em novembro. Na sequência, repassaremos as determinações e informações a todas as comarcas para que cada um possa trabalhar na sua área”, adianta Badini.

O coordenador está interessado, principalmente, na ampliação do número de centros de triagem animal. A ideia, de imediato, é que seja implantada uma unidade no Parque Fernão Dias, entre Contagem e Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Queremos fomentar a criação de um em cada região de Minas. É importante que, além da triagem, haja a reabilitação e aclimatação dos animais antes de serem soltos na natureza”, disse. Ele lembrou ainda que a política do MP para o setor se dirige também aos animais domésticos e padronização do sacrifício dos doentes. Em SP, o MP adota política semelhante para a fauna.

RETORNO À NATUREZA

O coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, médico-veterinário Daniel Vilela, explica que cerca de 70% dos animais apreendidos pelo instituto em Minas, a maioria em condição ilegal, retornam à natureza depois de reabilitados. Os demais são encaminhados igualmente recuperados a criadouros, zoológicos ou passam por um período de adaptação por terem ficado às vezes muito tempo em cativeiro.

Além do centro de triagem em BH, que fica na Avenida do Contorno, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul, há unidades em Montes Claros, no Norte, Governador Valadares, na Região Leste, e Juiz de Fora, na Zona da Mata, com futura implantação em Uberlândia, no Triângulo. Vilela acredita que neste ano o número de apreensões deve se manter estabilizado no estado. E considera “ótimo” o MP criar o Grupo Especial de Defesa da Fauna. “Quanto mais instituições trabalhando nesse setor, melhor, tendo em vista o grande número de apreensões no estado”, observa.

OS CAMPEÕES

A maior parte, de 80% a 90% dos animais apreendidos em Minas pelo Ibama, são aves. E entre elas, o destaque vai para o canário-da-terra e trinca-ferro, devido à qualidade do canto e valorização no mercado. O primeiro, nativo do Brasil, faz seu ninho em cavidades, chegando a usar até os abandonados por joão-de-barro. De cor amarela, são muito agressivos na defesa da sua “casa”, chegando a atacar aves maiores que se aproximem. Já o trinca-ferro, que ocorre no Brasil e países limítrofes e tem cor verde-escura, tem uma dieta baseada em frutos silvestres e insetos, podendo alimentar-se também de pequenos vertebrados, inclusive atacando ninhos de outras aves para se alimentar de ovos e filhotes. É uma ave extremamente territorialista, onde o macho dominante, através de seu canto extremamente alto, tenta manter afastado outros machos que tentam adentrar seu domínio. A criação de ambos em cativeiro exige autorização especial do Ibama.

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